João Antunes de Freitas, nasceu em
Campos no dia 16 de janeiro de 1891. Era filho de João Antunes de Freitas e d.
Carolina Antunes de Freitas.
Na expressão figurada de seu filho,
jornalista Herbson da Rocha Freitas, João de Freitas era “formado pela
Faculdade do Asfalto - Universidade da Rua... Foi poeta e tudo na vida, tendo esta
como sua grande mestra."
Começou a sua existência como barbeiro
profissional. Inteligente e dotado de bom senso, não lhe foi tão difícil, no
Rio de Janeiro, conseguir o emprego de Inspetor de Alunos.
Depois de um certo período de lutas na
antiga Capital, de regresso a Campos, ingressou no quadro de funcionário da
Prefeitura para exercer com zelo e dedicação o cargo de Oficial Escrevente.
Com o seu nome completo exposto acima,
dificilmente seria identificado, mesmo pelos seus amigos mais Íntimos. Entretanto,
por “João Poeta” todos na cidade de Campos o conheciam. Era assim que
carinhosamente era tratado até por pessoas fora de suas relações. E sabem por
quê? Porque era mesmo poeta. Poeta e João. João Poeta. Uma prova? Aqui está seu
“cavalo de batalha":
“IMAGEM
DO SENHOR”
“Diante da Imagem Santa do
Senhor,
Fiquei a contemplá-Ia
firmemente
Com toda a Fé e todo o meu
ardor,
Pela grandeza pura em
minha frente.
Fostes Tu quem deu vida,
luz e amor
A todos nós na terra,
unicamente!
És o único e bom, cheio de
esplendor,
Que conforta e que anima a
nossa mente.
És Tu bem procurado no
tormento,
Dás consolo, dás graça e
dás alento,
Quando implorado pela alma
sentida.
A tua vida é divinal
história...
Foi tão triste que nos deu
tanta glória.
No entanto, ainda, não é
bem compreendida!"
João Poeta não publicou livro, mas teve
a felicidade de ver um grande número de sonetos filosóficos e sentimentais
estampados em seções literárias de jornais de Campos, de Niterói e do Rio de
Janeiro. “Autor de sonetos considerados maravilhosos, teve seus trabalhos
publicados no ‘CYCLO AUREO’, de Horácio Sousa, e na antologia de poetas
campistas, intitulada ‘SONETOS’, editada pela gráfica de Benjamin Constant, pai
do gráfico e jornalista Salvador da Transfiguração Teixeira Pinto, atualmente
aposentado das lides jornalísticas."
Do seu primeiro casamento viu nascer
César Antunes de Freitas, que se dedicou à mecânica. Casando-se em segundas
núpcias com d. Anna Izabel da Rocha Freitas, teve vários filhos, sendo que
sobreviveram, os intelectuais Gipson Antunes de Freitas e Herbson da Rocha
Freitas, este funcionário aposentado da Fazenda Municipal e diretor do Guia
Geral de Campos e jornalista com vasta folha de serviços prestados à
coletividade.
Voltando ao homem de letras João Antunes
de Freitas ou João Poeta, não custa mostrar um pouco mais do seu talento nesta
poema:
“O
SER HUMANO”
“O boneco que fala e ri e
chora,
Cheio de orgulho e cheio
de vaidade,
Vive e luta na terra, que
o devora,
Sem o sincero amor de
humanidade.
Sofre e maldiz e ao céu, o
bem implora
É descontente em toda
atividade;
Ele ambiciona o mundo, e
se apavora
Com a chegada fatal da
realidade.
Tu sofres... Provações
tens que passar,
Por que tens tanto orgulho
nesta vida,
Mas não vês tu que nada
vale, nada?
Vais de encontro a outro para
o bem-estar
E esqueces da divina luz
sagrada
Em toda a tua mascarada
lida.“
Assim, realista, inconformado com o ser
humano egoísta e hipócrita, ele via a Vida sem máscara e procurava despertar no
Homem um pouco de compreensão. Silvio Fontoura, Gastão Machado, Alcíndor Bessa,
entre outros admiravam a sua poesia. Júlio Nogueira, em “A CIDADE”, foi um
grande divulgador dos seus trabalhos literários. O hoje desaparecido jornal “O
ESTADO”, de Niterói, também publicou seus sonetos e poemas.
Como cidadão, João Antunes de Freitas
foi exemplar: trabalhador, honesto e amigo. Como poeta inspirado escreveu
sonetos, poemas e acrósticos.
Morreu "João Poeta" no dia 3
de julho de 1955, com 64 anos de idade, na cidade de Niterói-RJ. Uma das
homenagens prestadas à sua memória, foi a feliz iniciativa da Academia Pedralva
Letras e Artes, tornando-o Patrono da Cadeira nº. 29, ocupada com muito acerto
por seu filho, poeta Herbson da Rocha Freitas.
Outra justa homenagem ao poeta de
"Imagem do Senhor", coube ao Governo Municipal, dando a uma das vias
públicas da cidade de Campos o seu nome - RUA JOÃO ANTUNES DE FREITAS: Início
na R. Nazário Pereira Gomes e término no Parque S. José, em Guarus.