Tomé da
Costa Guimarães nasceu em Campos-RJ no dia 26 de dezembro de 1867.
Cedo
estreou-se na carreira das letras, publicando na imprensa da sua terra
trabalhos em prosa e verso. Era um entusiasta do vate português Guerra
Junqueiro e dos parnasianos brasileiros Raimundo Correia e Alberto de Oliveira.
Por este, sobretudo, nutria grande afeição e admiração. Aluno do padre-mestre
Pires Almada, adquiriu o gosto pelo idioma de Cícero, o qual, pela vida afora,
cultivaria. Era um palestrador agradabilíssimo, que, com um pouco de humor,
temperava os seus juízos sobre fatos e pessoas.
Costumava
evocar, em suas palestras, a figura de Carlos Gomes, que hospedara em sua casa,
na cidade de Campos. Uma fotografia do maestro conduzia sempre no bolso,
exibindo-a, orgulhoso, aos amigos. Sobre Nilo Peçanha, que conhecera na intimidade,
organizou vasto anedotário.
Começou a
escrever para a imprensa no Sexto Districto; publicou diversos trabalhos
poéticos e literários no Monitor Campista e no Luzeiro e, ainda, colaborou copiosamente
na Gazeta do Districto, em cuja redação trabalho como conferente de provas,
revisor, noticiarista e colaborador literário.
Afastado
por algum tempo das lides do jornalismo, a elas voltou quando apareceu a Gazeta
do Povo, tendo então uma ativa participação no Jornal do Domingo. Em 1889,
entrou para a redação do Diário da Manhã, no qual teve a seu cargo uma seção em
verso, intitulada “Horas Vagas”, além de colunas em prosa.
Profundamente
religioso, era devoto de Nossa Senhora da Conceição, a quem consagraria mimosos
versos. Entretanto, “sua vida desordenada, sua boêmia espiritual, não lhe
permitiram construir uma obra literária em grandes moldes, isto é, disciplinada,
consistente, reveladora da sua ampla cultura e dos matizes tão variados da sua
personalidade”, nas palavras de Geraldo Bezerra de Menezes.
Um
acidente, em circunstâncias lamentáveis, privou-o do braço direito: foi sob as
rodas de um bonde. Retraiu-se. Esquivou-se. Mas todos compreendiam essa
atitude. “Estimando as letras, tratou de exercitar a mão esquerda, não tardando
produzisse efeito este penoso esforço, e passou desde então a utilizar, de
preferência, papel quadriculado – evitando, dessa forma, na escrita, o
desalinhamento, mas tanto quanto possível abreviava os nomes próprios e certas
palavras” [sic], no dizer de Lacerda Nogueira.
Presidente
da Academia Fluminense, era assíduo nas festas do cenáculo, em cuja cadeira, a
de nº 12, patronímica de Carlos de Lacerda, tinha assento.
Faleceu em
Niterói, no dia 6 de janeiro de 1947.
Em sua
homenagem, figura no rol de patronos da Academia Pedralva Letras e Artes, na
cadeira de nº 20 da Casa.
Fontes: “Movimento Literário em Campos” (1924 -
adaptado), de Múcio da Paixão; e “Antologia de poetas fluminenses” (1968 -
adaptado), de Rubens Falcão.