Em 15 de maio de 1906 nascia, filho de uma família humildade
de lavradores em Santos Amaro – Baixada Campista -, um menino que foi batizado
com o nome Manoel Ferreira de Souza. Esse nome, que parecia tão comum, acabou
gravado na história da cultura e da educação da cidade de Campos dos
Goytacazes/RJ e região, como professor Ferreira.
Sua ambição pela projeção pessoal e profissional no futuro
já fazia com que, aos 5 anos, enchesse o bolso de papel picado dizendo para a
família e amiguinhos que iria ficar rico.
Ainda muito jovem, veio para Campos trabalhar no comércio
para custear seus estudos. Naquela época, não existiam faculdades de Direito, e
seu curso foi feito por correspondência, o que lhe rendeu, ao término, o cargo
de Secretário do Colégio Bittencourt em Campos.
Seus projetos grandiosos de vida fizeram-no sair do
Bittencourt, mas não conseguiram sufocar a grande paixão pelo ensino, e ele
encontrava tempo para lecionar inglês e aulas particulares a um fantástico
contingente de alunos.
Em 1939, associou-se ao irmão Alcebíades Ferreira e ao
médico Barcelos Martins e compraram uma chácara na Rua Formosa (atualmente
Tenente Coronel Cardoso), onde construíram o Colégio São Salvador, que, em
1940, já funcionava com os cursos primário, ginasial, científico, normal e
técnico em contabilidade.
Para assumir sozinho a responsabilidade de educar, Ferreira
comprou a parte do irmão Alcebíades na sociedade e apanhou o dinheiro com o
fazendeiro Sadi Ribeiro Gomes, que morava na mesma casa com sete esposas e 34
filhos, em troca do ensino educacional e pedagógico de todos os seus filhos,
para comprar a parte do médico Barcelos Martins.
O Colégio São Salvador era a imagem e semelhança de seu
fundador, Professor Ferreira, quanto à qualidade de ensino. Seu laboratório de
Ciências, único na região, àquela época, com órgãos humanos e de animais
conservados em vidros de formol, incentivaram muitos alunos à escolha
profissional pela área bio-médica. Em suas mesas de salas de aula, passaram
nomes que se tornaram verdadeiros ícones do ensino e da educação de toda região
Norte Fluminense, como: Maria Benedita Gouveia; João da Hora; Álamo Barcelos;
Arly Damas dos Santos; Conceição Martins; Odir Teixeira; Therezinha Jorge;
Nestor Cristovão; Déia Monteiro; Marilda Vieira e tantos outros.
Dos seus bancos escolares saíram notáveis figuras dos mais variados
segmentos políticos, profissionais e do mundo das artes.
Veio a falecer no dia 9 de julho de 1963, em acidente na
BR-101, quando seu carro chocou-se contra um trem, deixando de presenciar inúmeras
conquistas dos alunos do Colégio São Salvador, que foi demolido no ano de 1983,
não apagando nunca, no entanto, a figura marcante do Professor Manoel Ferreira
de Souza.
Por seus tantos feitos pela cultura e pela educação na
cidade e na região, figura no rol de patronos da Academia Pedralva Letras e
Artes, sendo homenageado na Cadeira nº. 38.
Fonte: matéria publicada no
Jornal Mania de Saúde pelos ex-alunos do Colégio São Salvador, em homenagem aos
38 anos de falecimento do Professor Ferreira, em julho de 2001 (texto
adaptado).